Malpighiaceae

Pterandra arborea Ducke

LC

EOO:

685.502,878 Km2

AOO:

104,00 Km2

Endêmica do Brasil:

Sim

Detalhes:

Espécie endêmica do Brasil (Francener, 2018), com ocorrência nos estados de: AMAPÁ, municípios de Mazagão (Silva 5524), Serra do Navio (Cowan 38123); AMAZONAS, municípios de Coari (Nogueira 140), Itacoatiara (Rodrigues 7577), Manaus (Rodrigues 7244), Manicoré (Silveira 24), Rio Preto da Eva (Boom 8649), Tefé (Silva 60825); PARÁ, município de Almeirim (Beck 98); RONDÔNIA, município de Porto Velho (Simon 956).

Avaliação de risco:

Ano de avaliação: 2018
Avaliador: Eduardo Fernandez
Revisor: Eduardo Amorim
Categoria: LC
Justificativa:

Árvore de até 30 m, endêmica do Brasil (Francener, 2018). Popularmente conhecida como murici-bacaba, foi coletada em Floresta Ombrófila associada a Amazônia nos estados do Amapá, Amazonas e Rondônia. Apresenta distribuição muito ampla na bacia amazônica, EOO=555669 km², alta representatividade em herbários e presença confirmada dentro dos limites de Unidades de Conservação de proteção integral. Aparentemente. a espécie encontra-se livre de ameaças diretas como corte seletivo ou outros usos que afetem sua perpetuação. Adicionalmente, áreas de floresta em estado primitivo e com baixo volume de coletas botânicas indicam possivelmente uma maior amplitude geográfica do que a atualmente documentada. Assim, considera-se a espécie como de Menor Precoupação (LC) no momento. Estudos específicos sobre sua distribuição, números e tendências populacionais e impacto de vetores de stress devem ser conduzidos a fim de subsidiar uma avaliação de risco de extinção robusta no futuro e evitar assim sua inclusão em categoria de ameaça mais restritiva ante as crescentes ameaças documentadas por toda a Amazônia (Charity et al. 2016; Fernside, 2016; Fernside, 2015; Nogueira et al., 2007; Nepstad et al., 2006).

Último avistamento: 2007
Possivelmente extinta? Não
Severamente fragmentada? Não

Perfil da espécie:

Obra princeps:

Descrita em: Bull. Mus. Natl. Hist. Nat. 1932, Ser. II. iv. 736. Popularmente conhecida como murici bacaba (Silva 5524), muricirana (Aluísio 83)

Valor econômico:

Potencial valor econômico: Desconhecido
Detalhes: Não é conhecido o valor econômico da espécie.

População:

Detalhes: Não existem dados sobre a população.

Ecologia:

Substrato: terrestrial
Forma de vida: tree
Luminosidade:
Biomas: Amazônia
Vegetação: Floresta Ombrófila (Floresta Pluvial)
Habitats: 1.6 Subtropical/Tropical Moist Lowland Forest
Clone: unkown
Rebrotar: unkown
Detalhes: Árvores de até 30 m de altura, na Floresta Ombrófila da Amazônia (Francener, 2018).
Referências:
  1. Francener, A. Pterandra in Flora do Brasil 2020 em construção. Jardim Botânico do Rio de Janeiro.Disponível em: <http://reflora.jbrj.gov.br/reflora/floradobrasil/FB79242>. Acesso em: 24 Ago. 2018

Reprodução:

Detalhes: A espécie foi coletada em flor nos meses de: abril (Cid 5596), julho (Rodrigues 5961), agosto (Silva 5524), setembro (Rodrigues 6032), outubro (Zartman 6042), novembro (Pacheco 49); e em frutos nos meses de: janeiro (Silva 60825), julho (Hopkins 1468), agosto (Assunção 365), novembro (Cowan 38123).
Fenologia: flowering (Apr~Apr), flowering (Jul~Nov), fruiting (Jan~Jan), fruiting (Jul~Aug), fruiting (Nov~Nov)
Estratégia: iteropara
Sistema sexual: hermafrodita
Sistema: unkown

Ameaças (6):

Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.1 Ecosystem conversion 1 Residential & commercial development mature individuals,locality past,present,future regional high
O crescimento urbano de Manaus foi o maior da região Norte, sendo considerada hoje o 12º maior centro urbano do país, e uma metrópole regional, com 1.644.690 habitantes (estimativa IBGE, 2005). Nos últimos dez anos, Manaus, foi dentre os municípios mais populosos do Brasil, o que apresentou a maior taxa média geométrica de crescimento anual (Nogueira et al., 2007)
Referências:
  1. Nogueira, A.C.F., Sanson, F., Pessoa, K., 2007. A expansão urbana e demográfica da cidade de Manaus e seus impactos ambientais. Anais do Xlll Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto, Florianópolis, Brasil, INPE p.5427-5434.
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.1 Ecosystem conversion 2 Agriculture & aquaculture mature individuals,habitat past,present,future national high
A floresta amazônica perdeu 17% de sua cobertura florestal original, 4,7% somente entre 2000 e 2013, principalmente devido à atividades oriundas da agroindústria, pecuária extensiva, infraestrutura rodoviárias e hidrelétricas, mineração e exploração madeireira (Charity et al. 2016). Os incentivos fiscais generosos oferecidos pelo governo brasileiro para fazendas de gado na Amazônia nos anos 70 e início dos 80 foram motivos importantes para ampliação do desmatamento, apesar da baixa produtividade das pastagens (Binswanger, 1991). O município de Rio Preto da Eva está situado a 78 km de Manaus. Este município é atravessado pela AM-010 que liga Manaus a Itacoatiara e pela BR-174, frentes de expansão do desmatamento, da agricultura e da pecuária. O estabelecimento do município em 1981 deu-se ao fato de ter sido implantada a colônia agrícola de imigrantes japoneses e alguns colonos brasileiros que se instalaram em fins de 1967, assim como a abertura da AM-010 (LAPIG, 2018). O município de Porto Velho tem aproximadamente 15,36% do seu território ocupado com pastagem (LAPIG, 2018).
Referências:
  1. Charity, S., Dudley, N., Oliveira, D. and Stolton, S. (editors), 2016. Living Amazon Report 2016: A regional approach to conservation in the Amazon. WWF Living Amazon Initiative, Brasília and Quito.
  2. Binswanger, H. P., 1991. Brazilian policies that encourage deforestation in the Amazon. World Development 19.7: 821–829.
  3. LAPIG, 2018. http://maps.lapig.iesa.ufg.br/lapig.html. Acesso 28.08.2018
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.2 Ecosystem degradation 4 Transportation & service corridors habitat,mature individuals past,present,future national high
Fernside (2015) argumenta que as estradas atuam como impulsionadoras do desmatamento, atraindo trabalhadores imigrantes e investimentos para áreas de floresta anteriormente inacessíveis dentro da Amazônia. Segundo o autor, o desmatamento é então estimulado não apenas por estradas que aumentam a lucratividade da agricultura e da pecuária, mas também pelo efeito das estradas (acessibilidade) na especulação de terra e no estabelecimento de posse de terras. As principais estradas são acompanhadas por redes de estradas laterais construídas por madeireiros, mineiros e posseiros. O desmatamento se espalha para fora das rodovias e suas estradas de acesso associadas. As rodovias também fornecem caminhos para a migração de fazendeiros sem terra e outros, gerando assim o desmatamento em áreas adjacentes. As estradas principais estimulam a construção de estradas secundárias que fornecem acesso a regiões distantes da rota principal da rodovia. Um exemplo importante é a reconstrução planejada da rodovia BR-319 (Manaus-Porto Velho). Estradas laterais abririam o grande bloco de floresta intacta na parte oeste do estado do Amazonas, que incluía vastas áreas de terras públicas - a categoria mais vulnerável à invasão por grileiros e posseiros (Fernside e Graça, 2006).
Referências:
  1. Fearnside, P.M., 2015. Highway construction as a force in destruction of the Amazon forest. pp. 414-424 In: R. van der Ree, D.J. Smith & C. Grilo (eds.) Handbook of Road Ecology. John Wiley & Sons Publishers, Oxford, UK. 552 pp.
  2. Fearnside, P.M. and Graça, P.M.L.A., 2006. BR-319: Brazil’s Manaus-Porto Velho Highway and the potential impact of linking the arc of deforestation to central Amazonia. Environmental Management 38: 705-716.
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.1 Ecosystem conversion 5.3 Logging & wood harvesting locality,habitat,mature individuals past,present,future national high
Desde a década de 1960, a expansão de estradas, barragens e grandes projetos de mineração levaram a um intenso processo de ocupação regional que já levou cerca de 20% das florestas originais associadas ao bioma Amazônia no Brasil, e causaram conflitos sociais recorrentes (Becker, 2004; Hecht, 2011; Silva, 2015; Souza et al., 2015). De 1988 a 2015, 413.505 km² de florestas na região foram substituídos por outros tipos de uso da terra (INPE, 2015). Em 2004, o desmatamento chegou a 27.772 km², o que levou o governo brasileiro a elaborar um plano de longo prazo para controlar o desmatamento e afastar a região do modelo de fronteira tradicional para um plano de desenvolvimento mais centrado na conservação (Hecht, 2011). Somente no estado do Amazonas a taxa anual de desmatamento entre 1988 e 2017 foi de 24.493 km²/ano (INPE, 2018).
Referências:
  1. Becker, B.K., 2004. Amazônia: Geopolítica na Virada do III Milênio. Editora Garamond, Rio de Janeiro.
  2. Hecht, S.B., 2011. From eco-catastrophe to zero deforestation? Interdisciplinarities, politics, environmentalisms and reduced clearing in Amazonia. Environ. Conserv. 39, 4–19.
  3. Silva, J.M.C., 2015. A conservação da biodiversidade como estratégia competitiva para a Amazônia no antropoceno. In: Silva, O.M.A., Homma, A.K.O. (Eds.), Pan-Amazônia: Visão Histórica Perspectivas de Integração e Crescimento. FIEAM, Manaus, pp. 140–156.
  4. Souza, P.F., Xavier, D.R., Rican, S., Matos, V.P., Barcellos, C., 2015. The expansion of the economic frontier and the diffusion of violence in the Amazon. Int. J. Environ. Res. Public Health 12, 5862–5885.
  5. INPE, 2015. Projeto PRODES: Monitoramento da Floresta Amazônica Brasileira por Satélite. URL http://www.obt.inpe.br/prodes. Acesso 24.05.2016.
  6. INPE, 2018. Projeto PRODES: Monitoramento da Floresta Amazônica Brasileira por Satélite. URL http://www.obt.inpe.br/prodes. Acesso 28.08.2018.
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.2 Ecosystem degradation 7.1 Fire & fire suppression mature individuals,habitat past,present,future national high
van Marle et al. (2016) mostraram que até 1987, relativamente poucos incêndios ocorreram na Amazônia e que as emissões de fogo aumentaram rapidamente durante os anos 90. Esses autores descobriram que esse padrão corrobora razoavelmente bem com os conjuntos de dados de perda florestal disponíveis, indicando que embora incêndios naturais possam ocorrer na Amazônia ocasionalmente, as atuais taxas de desmatamento e degradação, ampliadas desde os anos 90, foram a principal causa de aumento na frequência / intensidade dos incêndios nessa região. Silva-Junior et al. (2018) mostraram que a suscetibilidade da paisagem aos incêndios florestais aumenta no início do processo de desmatamento. Em geral, seus resultados reforçam a necessidade de garantir baixos níveis de fragmentação na Amazônia brasileira, a fim de evitar a degradação de suas florestas pelo fogo e as emissões de carbono relacionadas. A redução do passivo florestal decorrente da última modificação do Código Florestal aumenta a probabilidade de ocorrência de degradação florestal pelo fogo, uma vez que permite a existência de áreas com menos de 80% de cobertura florestal, contribuindo para a manutenção de altos níveis de fragmentação. Os mesmo autores preveem que a degradação florestal por fogo continuará a aumentar na região, especialmente à luz do relaxamento da lei ambiental mencionada e seus efeitos sinérgicos com mudanças climáticas em curso. Tudo isso pode afetar os esforços para reduzir as emissões do desmatamento e da degradação florestal (REDD). Esses autores indicam que ações para prevenir e gerenciar incêndios florestais são necessárias, principalmente para as propriedades onde existem passivos florestais que são compensados ​​em outras regiões.
Referências:
  1. van Marle, M.J.E.; Field, R.D.; van der Werf, G.R.; Wagt, I.A.E.; Houghton, R.A.; Rizzo, L.V.; Artaxo, P.; Tsigaridis, K., 2016. Fire and deforestation dynamics in Amazonia (1973-2014). Global Biogeochemical Cycles, 31:1-15.
  2. Silva-Junior, C.H.L.; Aragão, L.E.O.; Fonseca, M.G.; Almeida, C.T.; Vedovato, L.B.; Anderson, L.O., 2018. Deforestation-Induced Fragmentation Increases Forest Fire Occurrence in Central Brazilian Amazonia. Forests, 9 (305).
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.1 Ecosystem conversion 7.2 Dams & water management/use habitat,mature individuals past,present,future national high
O planejamento atual para o estabelecimento e expansão de hidroelétricas na bacia amazônica ainda precisa de uma avaliação adequada sobre escala regional dos impactos ecológicos, particularmente problemática dado o vínculo íntimo entre a planície de inundação amazônica e os Andes, uma das zonas mais ricas em espécies do planeta. Considerando dados sobre as barragens existentes e planejadas, junto com dados sobre estradas e linhas de transmissão, Finer e Jenkins (2012) estimaram os impactos relativos de todas as barragens planejadas para serem implementadas entre essas duas regiões. Eles mapearam planos para 151 novas barragens superiores a 2 MW nos próximos 20 anos, aumento de 300%. Essas represas incluiriam cinco dos seis principais afluentes andinos da Amazônia. Os mesmos autores classificaram 47% das novas barragens potenciais como de alto impacto, e apenas 19% como de baixo impacto. Sessenta por cento das barragens causariam a primeira grande ruptura na conectividade entre as cabeceiras protegidas dos Andes e as terras baixas da Amazônia. Mais de 80% promoveriam desmatamento direto para a implementação de novas estradas, linhas de transmissão ou área de inundação (Finer e Jenkins, 2012). De acordo com Fernside (2016), o Brasil tinha, até Maio de 2015, 15 barragens “grandes” (definidas no Brasil como barragens que possuma > 30 MW de capacidade instalada) instaladas na região da Amazônia Legal com reservatórios preenchidos. Outras 37 “grandes” barragens estão planejadas para serem construídas ou em construção, incluindo 13 barragens ainda não preenchidas que foram incluídas no Plano de Expansão de Energia do Brasil 2012-2021 (Brasil, MME, 2012.) A retração econômica do Brasil desde a publicação do referido plano resultou no alongamento dos horizontes de tempo para vários desses 62 projetos, mas o plano 2014-2023 ainda prevê a construção/ estabelecimento de 18 represas na bacia amazônica em seu plano para os próximos 10 anos (Brasil, MME, 2014).
Referências:
  1. Finer, M.; Jenkins, C. N., 2012. Proliferation of hydroelectric dams in the Andean Amazon and implications for Andes-Amazon connectivity, PLoS ONE, 7(4), 1164 e35126.
  2. Fearnside, P.M., 2016. Environmental and social impacts of hydroelectric dams in Brazilian Amazonia: Implications for the aluminum industry. World Development 77: 48-65.
  3. Brasil, MME (Ministério das Minas e Energia), 2012. Plano Decenal de Expansão de Energia 2021. Brasília, DF, Brazil: MME, Empresa de Pesquisa Energética (EPE). 386 pp. http://www.epe.gov.br/PDEE/20120924_1.pdf
  4. Brasil, MME (Ministério das Minas e Energia), 2014. Plano Decenal de Expansão de 997 Energia 2023. Brasília, DF, Brazil: MME, Empresa de Pesquisa Energética 998 (EPE). 2 vols.

Ações de conservação (1):

Ação Situação
1 Land/water protection on going
A espécie foi coletada na Reserva Florestal Adolpho Ducke (Rodrigues 6032)

Ações de conservação (1):

Uso Proveniência Recurso
Não existem dados sobre usos efetivos ou potenciais.